A Rafaela foi minha aluna nos últimos três anos. No ano passado, a
frequentar o 9.º ano, escrevia, como todos os seus colegas, uma crónica mensal.
Algumas delas figuram neste blog. A Rafaela gostou sempre muito de escrever.
Escrevia contos para a irmã mais nova, poemas que dedicava às amigas, ou que
escrevia só porque sim...
Guardo textos e poemas seus, e espero que um dia ela cumpra o seu
sonho para eu poder ler um livro seu.
Este ano, a Rafaela não é minha aluna, frequenta o 10º ano numa
outra escola, mas lembrou-se de me enviar esta crónica. Entendo-a como um laço
que ainda não quebrou, e fico feliz.
Aqui o coloco, e espero que seja lido pelos seus colegas que ainda
aqui estão, na sua antiga escola.
Crónica de Rafaela Martins
Olá, para ti que estas a ler esta crónica.
Decidi escrevê-la para te ajudar a preparar para o décimo ano, hoje
até podes achar que vai ser tudo muito fácil, mas a verdade é que não é.
Não te quero assustar com esta introdução, mas julgo que te devo
alertar sobre alguns aspetos:
O primeiro aspeto
diz respeito à tua perceção sobre a nova escola. Ela até pode parecer pequena,
mas no início pode transformar -se num verdadeiro labirinto.
O segundo
aspeto é que, a partir do momento em que entras na escola secundária, tu estás
solto, ou seja, tens um problema?! Azar, és tu quem tem de o resolver.
Podia
focar muitos mais aspetos, mas crónica ficaria gigante e tu correrias o risco
de ficar assustado. Mas antes que isso aconteça, deixa-me dizer-te que há
sempre um outro lado, um lado positivo, tu podes finalmente ser «livre», pois
és tu que tens de decidir o teu futuro.
Sei
que esta frase tem tanto de sedutor, como de assustador, mas é pura verdade. Além
disso, vais trabalhar numa coisa de que gostas, pois estás no curso que
escolheste, e vais conhecer muitas pessoas que também se identificam com essa
área.
Por
último, querias falar dos colegas, pois tudo muda. No ensino básico há sempre
muitos «palhacinhos da turma», a partir do décimo são todos muito mais
«adultos» e finalmente há silêncio na sala, e não importa se tu és alto ou
baixo, careca ou cabeludo, todos te vão respeitar.
Por
ultimo, e para finalizar, a ti, que já deves estar farto de ler esta crónica,
queria dar-te um conselho, aliás vão ser dois: o primeiro é que aproveites bem
este ano, pois, em princípio, será o último que passas nessa escola; o segundo
é que ao entrares no secundário não te preocupes com o susto inicial, pois muito
rapidamente te habituas à mudança.